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A (GRANDE) diferença entre castigo e consequência

por Peças de Família, em 03.10.14

 

 

Se não comes ao almoço o que tens no prato, comes ao lanche.”

“Não arrumaste o teu quarto! Não podes ver televisão.”

“Não tiveste cuidado e estragaste a bicicleta, então não vais jogar futebol!”

“Partiste a janela do vizinho, então ficas sem computador.”

 

Soa-lhe familiar? Estas são frases típicas que anunciam o castigo, como forma de punição por um comportamento desadequado ou pela ausência do comportamento desejado.

 

E agora pergunto:” Os castigos costumam resultar com os seus filhos?” E muitos dos Pais responderão que sim. Que geralmente resultam. E dirão corretamente, pois os castigos costumam ser eficazes, mas no momento. O que é que eu quero dizer com isto? Que o castigo funciona como forma de resolução imediata da situação, contudo, os castigos não resultam a longo prazo.

 

O castigo não tem uma ligação lógica com o comportamento/situação, logo não ensina e não proporciona à criança o desenvolvimento da responsabilidade pelos seus atos. Se o comportamento do seu/sua filho/a muda devido aos castigos, é provável que seja por medo dos mesmos, e não porque tenha aprendido alguma coisa (quer dizer, talvez tenha aprendido a mentir sobre o seu comportamento para se proteger). Além de que, na maioria das vezes, o castigo gera sentimentos de raiva, injustiça e agressividade na criança, que não percebe porque é que não pode ver o seu programa favorito na televisão ou porque não pode usar o computador, pois as punições nada têm a ver com o “erro” da criança.

 

Por outro lado, temos as consequências, que fazem a ligação entre o comportamento e um resultado lógico e coerente. Todos os nossos comportamentos e ações têm consequências. Umas boas e desejáveis, outras menos boas e que nos custam mais a aceitar. Mas, como adultos, sabemos que fazem parte da vida. Ora, com as crianças não tem que ser diferente, muito pelo contrário.

 

Uma consequência natural é aquilo que resultaria da acão de uma criança, caso não houvesse intervenção de um adulto.

Por exemplo: se a criança se deixar dormir e perder a carrinha para a escola, a consequência natural seria ter de ir a pé. Se não quisesse vestir o casaco, iria apanhar frio. Se não comesse o almoço, iria ter fome, pois só comeria novamente na hora habitual do lanche. Se partir um brinquedo num ataque fúria, pois irá ficar sem ele.

 

Claro que há situações em que os pais não podem deixar as consequências naturais acontecerem, quando representam perigo para a criança ou para os outros e quando a consequência natural demorará muito tempo a acontecer (perde o efeito).

 

Já uma consequência lógica, por seu lado, é planeada pelos pais como consequência negativa ligada a um comportamento incorreto.

Exemplo: se a criança parte uma janela do vizinho a jogar à bola, uma consequência lógica seria ela ter de fazer uma série de tarefas para juntar o dinheiro necessário para pagar os estragos. Não arrumou a bicicleta na garagem, ela estragou-se, então sairá da sua semanada o dinheiro para o arranjo. Viu mais televisão do que lhe é permitido, no dia seguinte esse tempo ser-lhe-á descontado. Não arrumou o quarto, ficará então assim, pois os Pais não o farão por si. Não colocou a roupa suja no cesto, então ela não será lavada (Ai, se tiver lá aquela t-shirt preferida).

 

Recorrendo às consequências os Pais estão a agir no sentido de não proteger os filhos das consequências negativas dos seus atos, ajudando-os a aprender com os seus erros, sem gritos, zangas, dor física (castigo físico) e humilhações. Assim, é importante, para que resulte, que apresente antecipadamente aos seus filhos as diversas consequências dos seus comportamentos, para que eles possam pensar sobre elas e escolher, percebendo que são responsáveis pelas decisões que tomarem e pelas consequências das mesmas.

 

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4 comentários

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De PiPai a 21.10.2015 às 09:06

Não contesto o texto, parece-me muito lúcido e lógico Infelizmente no dia-a-dia as coisas podem ser mais complicadas.

Tomemos o exemplo de acordar tarde. Claro que seria interessante fazer a criança ir a pé para a escola, como consequencia. Mas 1. Infelizmente o tempo dos pais também e' limitado. Isto seria impraticável em muitos casos . 2. Estaremos possivelmente a passar uma mensagem errada relativamente a "andar a pé " exercício físico Deve ser uma pratica incentivada e não a consequencia de não andar de carro.
Isto e' apenas um exemplo, bem sei, mas mostra o quão difícil e' educar. E este texto, apesar de ter muito valor e me fazer reflectir sobre o processo educativo, peca pelo aspecto dificilmente praticável no dia a dia de algumas soluções .
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De Anónimo a 21.10.2015 às 09:49

Bom dia.
Adorei o comentário.
Tenho 2 filhos e já passei por todas as etapas dos castigos.....
Desisti e comecei a adotar o sistema de "vais aprender por ti próprio",deixei de arrumar o quarto e de tirar roupa suja do fundo da cama e está a resultar, pois já o vi a lavar meias e seca-las com o secador de cabelo para as poder calçar.
Muito Bom!!!! Acreditem que no final ficamos com um saborzinho de vitória.
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De Anónimo a 29.10.2015 às 12:51

Perfeito! Funciona muito bem, principalmente para adolescentes que desejam obter ítens caros e de grife! Pago um valor que tenho disponível para aquele ítem e o restante sai da mesada...Eles se tornam mais flexíveis, ou abrem mão do ítem para um lanche com os amigos...Caso não me ajude a lavar louça, não terei tempo disponível também para lavar a roupa de todos, farei apenas aos que concordarem na troca de tarefas. Escolhas...
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De Anónimo a 29.10.2015 às 21:21

Tenho 2 filhos adultos e nunca apliquei castigos.... Ensinei-os a assumir a responsabilidade dos seus atos. Como educadora tb não ponho os filhos dos outros de castigo. Qd digo isto olham-me de lado...

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