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Esta é uma época marcada pelo espírito e união familiar, pela partilha e comunhão. Faz parte da tradição da quadra natalícia que Pais, Filhos, Avós, Netos, etc. se reúnam à volta da mesa, farta das iguarias típicas da época, e que, todos juntos, abram os seus presentes numa alegre descoberta.
Mas, nem em todas as famílias o Natal é vivido assim…
Famílias com o Pai e Mãe separados/divorciados, experienciam esta quadra festiva de outra forma, não sendo, necessariamente, menos feliz ou completa, mas apenas diferente. Com generosidade, bom senso, decisões conscientes e, principalmente, colocando o bem estar das crianças e jovens acima dos problemas e conflitos dos adultos, é possível viver as festividades Natalícias, nesta forma de família, com a mesma Magia, Alegria e Harmonia.
Então como (sobre)viver ao Natal numa família com dois lares?
Seguem-se algumas dicas:
- Planear e negociar cuidadosamente com o outro progenitor os dias e horários que as crianças passam com cada um dos Pais com algum tempo de antecedência, para não se deixarem inundar pelas emoções, sendo assim o mais objectivos possível;
- Optar pela alternância. Se no ano passado a véspera foi passada com o Pai, este ano optar que seja passada com a Mãe, conferindo um sentimento de justiça, não só aos progenitores, como às crianças;
- Permitir e facilitar a comunicação dos seus filhos com o outro progenitor, quando estes estão consigo;
- Não esquecer da importância da família alargada (avós, tios, primos, etc.) na vivência desta época e contemplar, aquando da planificação dos convívios, tempo para ser passado com a família do lado materno e do lado paterno;
- Permitir que a criança ou jovem transporte, se assim o entender, os presentes de uma casa para a outra;
- Criar novas tradições e rituais, novos significados, que vão ao encontro da nova situação familiar, desistindo de tentar reproduzir os Natais de antigamente, quando o Pai e a Mãe estavam juntos;
- Mas acima de tudo, viver esta época com muita Paz, Amor e Harmonia.
Um Feliz Natal para Todas as Famílias.
Manuela Silveira
Peças de Família
“Se não comes ao almoço o que tens no prato, comes ao lanche.”
“Não arrumaste o teu quarto! Não podes ver televisão.”
“Não tiveste cuidado e estragaste a bicicleta, então não vais jogar futebol!”
“Partiste a janela do vizinho, então ficas sem computador.”
Soa-lhe familiar? Estas são frases típicas que anunciam o castigo, como forma de punição por um comportamento desadequado ou pela ausência do comportamento desejado.
E agora pergunto:” Os castigos costumam resultar com os seus filhos?” E muitos dos Pais responderão que sim. Que geralmente resultam. E dirão corretamente, pois os castigos costumam ser eficazes, mas no momento. O que é que eu quero dizer com isto? Que o castigo funciona como forma de resolução imediata da situação, contudo, os castigos não resultam a longo prazo.
O castigo não tem uma ligação lógica com o comportamento/situação, logo não ensina e não proporciona à criança o desenvolvimento da responsabilidade pelos seus atos. Se o comportamento do seu/sua filho/a muda devido aos castigos, é provável que seja por medo dos mesmos, e não porque tenha aprendido alguma coisa (quer dizer, talvez tenha aprendido a mentir sobre o seu comportamento para se proteger). Além de que, na maioria das vezes, o castigo gera sentimentos de raiva, injustiça e agressividade na criança, que não percebe porque é que não pode ver o seu programa favorito na televisão ou porque não pode usar o computador, pois as punições nada têm a ver com o “erro” da criança.
Por outro lado, temos as consequências, que fazem a ligação entre o comportamento e um resultado lógico e coerente. Todos os nossos comportamentos e ações têm consequências. Umas boas e desejáveis, outras menos boas e que nos custam mais a aceitar. Mas, como adultos, sabemos que fazem parte da vida. Ora, com as crianças não tem que ser diferente, muito pelo contrário.
Uma consequência natural é aquilo que resultaria da acão de uma criança, caso não houvesse intervenção de um adulto.
Por exemplo: se a criança se deixar dormir e perder a carrinha para a escola, a consequência natural seria ter de ir a pé. Se não quisesse vestir o casaco, iria apanhar frio. Se não comesse o almoço, iria ter fome, pois só comeria novamente na hora habitual do lanche. Se partir um brinquedo num ataque fúria, pois irá ficar sem ele.
Claro que há situações em que os pais não podem deixar as consequências naturais acontecerem, quando representam perigo para a criança ou para os outros e quando a consequência natural demorará muito tempo a acontecer (perde o efeito).
Já uma consequência lógica, por seu lado, é planeada pelos pais como consequência negativa ligada a um comportamento incorreto.
Exemplo: se a criança parte uma janela do vizinho a jogar à bola, uma consequência lógica seria ela ter de fazer uma série de tarefas para juntar o dinheiro necessário para pagar os estragos. Não arrumou a bicicleta na garagem, ela estragou-se, então sairá da sua semanada o dinheiro para o arranjo. Viu mais televisão do que lhe é permitido, no dia seguinte esse tempo ser-lhe-á descontado. Não arrumou o quarto, ficará então assim, pois os Pais não o farão por si. Não colocou a roupa suja no cesto, então ela não será lavada (Ai, se tiver lá aquela t-shirt preferida).
Recorrendo às consequências os Pais estão a agir no sentido de não proteger os filhos das consequências negativas dos seus atos, ajudando-os a aprender com os seus erros, sem gritos, zangas, dor física (castigo físico) e humilhações. Assim, é importante, para que resulte, que apresente antecipadamente aos seus filhos as diversas consequências dos seus comportamentos, para que eles possam pensar sobre elas e escolher, percebendo que são responsáveis pelas decisões que tomarem e pelas consequências das mesmas.
Manuela Silveira
Peças de Família
Uma comunicação eficaz está na base de uma relação equilibrada e saudável, revestindo-se de maior importância quando falamos da relação entre Pais e Filhos. É através da comunicação que expressamos aos outros o que queremos, o que sentimos, o que não gostamos, o que precisamos e é graças a ela que podemos atingir a sensação de que somos plenamente compreendidos e respeitados.
“Porque é que ele não me ouve?”, “Não liga nada ao que eu lhe digo!” ou “Tenho que repetir a mesma coisa mil vezes!”, são frases que surgem recorrentemente no discurso de Pais e Mães, de crianças ou adolescentes, como reflexo da dificuldade que muitas vezes sentimos em chegar aos nossos filhos através das palavras.
Ora se os nossos filhos não nos escutam, não falam connosco ou a muito custo cumprem as ordens que lhes damos é porque algo está mal na forma como comunicamos uns com os outros. Talvez aquilo que dizemos, ou como o dizemos, não traduza correctamente o que realmente queremos expressar, resultando no incumprimento de uma regra ou ordem, ou mais grave ainda, influenciando negativamente a relação que estamos a estabelecer com os nossos filhos.
Porque a forma como falamos é tão ou mais importante como o que falamos, seguem-se algumas estratégias facilitadoras de uma comunicação mais positiva e eficaz entre Pais/Filhos:
- Diga o que quer que o seu filho faça e não o que não quer
Sempre que a criança adoptar um comportamento desadequado, pense num comportamento alternativo desejável e formule estão a frase.
Em vez de dizer “Não faças tanto barulho.”, diga “Estás a incomodar-me com os teus gritos. Brinca sem fazeres tanto barulho.”
Em vez de dizer “Não deixes os teus brinquedos desarrumados.”, diga “ Gostava que arrumasses os teus brinquedos.”
- Não diga tantas vezes NÃO
O não talvez seja a palavra que mais usamos quando falamos com os nossos filhos. O não e o despacha-te.
Para dizermos mais vezes sim temos que ser mais flexíveis, estarmos abertos à negociação e, acima de tudo, sermos mais criativos para podermos dar alternativas ou escolhas aos nossos filhos. Como? Assim:
Em vez de dizer “Já te disse que hoje não há gelado para a sobremesa.”, diga “Hoje temos fruta para a sobremesa. Melancia ou pêssego. Tu escolhes.”
Em vez de dizer “Agora não podes jogar no telemóvel.”, diga “Podemos fazer juntos um puzzle ou um desenho. O que preferes?”
- Reduza o número de ordens
Está provado que filhos de pais que recorrem excessivamente às ordens desenvolvem mais problemas de comportamento.
Para aumentar a colaboração e empatia dos nossos filhos para connosco é importante darmos alguma liberdade para que as crianças possam decidir certo tipo de coisas sozinhas, diminuído, ao mesmo tempo, o número de ordens que damos lá por casa.
Evite dar ordens relativamente a aspectos que considere que não são assim tão importantes, como por exemplo, qual a t-shirt que a criança deve vestir, com que jogo deve brincar, que desenho deve fazer, etc.
Não repita uma ordem quando o seu filho já a está a cumprir, como dizer “Veste-te.”, quando a criança já se está a vestir ou “Come.”, quando o seu filho já está a comer.
- Avise previamente que vai chegar o momento de cumprir uma acção
Porque a concepção temporal das crianças em muito difere da dos adultos, sendo muito fácil elas se perderem no tempo, sempre que possível prepare-as para a transição de uma acção, avisando-as previamente de que algo vai acontecer a seguir, principalmente se elas estiverem a fazer algo de que gostam.
Assim, alerte-as para que “Daqui a 5 minutos temos que ir tomar banho.” ou “Tens mais 10 minutos para brincar, porque depois temos que ir jantar.”, e não exija obediência imediata.
Quando o fizer, opte por estar junto da criança, evitando gritar a ordem numa outra divisão da casa, certificando-se assim de que a criança ouviu e entendeu o que lhe está a dizer.
- Dê ordens sem se zangar e sem ofender nem humilhar a criança
Mais vezes do que com certeza gostaríamos, porque estamos cansados, fartos ou irritados, acontece que ao chamarmos à atenção aos nossos filhos fazemos uso da crítica negativa, transformando um simples comentário num verdadeiro ataque à criança, resultando em frases do género “És mesmo irresponsável! Todos os dias tenho que te mandar fazer os TPCs” quando um simples “Não te vejo a fazer os TPCs.” bastaria.
Se desejamos comunicar positiva e eficazmente com os nossos filhos, é fundamental que estejamos muito atentos à forma como os chamamos à atenção para algo que está menos bem ou quando lhe damos uma ordem, sem ofender ou humilhar, expressando-nos de forma educada e respeitosa.
Boas Comunicações
Manuela Silveira
Peças de Família
A convite da CPCJ de Mourão, a Peças de Família vai estar "Há Conversa entre Mães, Pais & Companhia", com o tema Parentalidade Positiva - Regras e Limites.
Apareçam!!
Hoje celebra-se o Dia Internacional da Família.
Todos nós temos uma definição muito particular e individual do que é isto de nascermos, crescermos e vivermos no seio de uma família, partilhando, contudo, a ideia de que a família tem um papel muito importante nas nossas vidas. É nela que estabelecemos as primeiras relações interpessoais, é nela que aprendemos a comunicar, que descobrimos o que é isto do amor, dos afectos e, também, da frustração e do sofrimento. Foram as vivências e experiências que vivemos na nossa família que deram corpo ao sentimento de sermos quem somos e de pertencermos àquela e não a outra qualquer família.
Não existem duas famílias iguais. Mas tal como no nosso percurso individual, onde podemos identificar diferentes etapas (nascemos, crescemos, vamos para a escola, integramos o mercado de trabalho, constituímos a nossa própria família, etc.), também na vida de cada família ocorre uma sequência, mais ou menos previsível, de acontecimentos geradores de mudanças que conduzirão a uma readaptação e reorganização do sistema familiar, imprescindíveis de acontecer, de forma a que a família consiga ultrapassar os desafios inerentes a uma nova fase. A esta sequência dá-se o nome de ciclo vital da família, que contempla as seguintes etapas:
1ª etapa – Formação do casal
A família nasce nesta etapa. O novo casal tem pela sua frente um mundo de descobertas, ao mesmo tempo que se depara com os seguintes desafios:
- Estabelecimento de compromisso (que não tem que ser legal ou de caráter religioso);
- Criação de uma relação conjugal mutuamente satisfatória, onde exista espaço para o Eu, o Tu e o Nós;
- Negociação e estabelecimento das normas, regras, limites e fronteiras do casal;
- Realinhamento das relações com as famílias de origem e os amigos de modo a incluir o cônjuge.
2ª etapa – Família com filhos pequenos
Com o nascimento do primeiro filho inicia-se uma nova fase no ciclo vital da família, com os seguintes desafios:
- Ajustamento da relação de casal de maneira a criar espaço para o/a filho/a, com todas as suas necessidades físicas, psicológicas e afectivas;
- Assumir os papéis parentais e harmonização dos mesmos estre o casal;
- Realinhamento das relações com as famílias de origem, a fim de incluir os avós, tios, primos, etc.
3ª etapa – Família com filhos na escola
A entrada do filho mais velho na escola marca o início de uma nova etapa no ciclo de vida da família. Com ela novas experiências e exigências se colocam aos seus elementos:
- Os pais passarão a assumir novas responsabilidades, inerentes ao processo de aprendizagem do/a seu/sua filho/a, que agora terá acesso ao “conhecimento dos grandes”.
- Com a entrada para a escola inicia-se o processo de separação entre pais e criança, que culmina na adolescência;
- Verifica-se uma maior abertura do sistema familiar ao exterior, através do relacionamento com a escola, agentes educativos e outras famílias que se encontram na mesma fase, estando a família mais “exposta” a comparações, competições e à pressão das expectativas sociais.
4ª etapa - Família com filhos adolescentes
Muitas vezes associada a aspetos negativos, como: rebeldia, conflitos, desobediência, excessos, consumos e uma comunicação difícil, a entrada na adolescência é geralmente encarada pela família com alguma apreensão e ansiedade.
- Os pais terão a difícil tarefa de encontrar o equilíbrio entre liberdade e responsabilidade, devendo ocorrer uma flexibilização dos limites;
- Mudança na relação pais-filhos - preparação para a saída do/a adolescente do sistema familiar;
- Verifica-se uma recentração nos aspetos da vida conjugal, pessoal e nas carreiras profissionais;
- Início da função de suporte à geração mais velha.
5ª etapa - Família com filhos adultos
Chegamos assim à última etapa do ciclo de vida da família, mais conhecida pela fase do ninho vazio. Não devendo ser encarada como o fim de alguma coisa, esta é uma etapa de redescoberta e reconstrução. Assim, os seus principais desafios são:
- Permitir a separação e o “lançamento” dos filhos no exterior;
- Reconstrução da relação de casal;
- Redefinição da relação com os filhos, tratando-se agora de uma relação adulto-adulto;
- Inclusão de novos elementos na família (noras, genros, compadres, netos, etc.)
- Adaptação à reforma e ao envelhecimento.
Todas as fases do ciclo de vida da família comportam desafios, reajustamentos, dificuldades e algum stress para a família. Por vezes iniciam-se crises e surgem problemáticas, que podem parecer de difícil resolução. A terapia familiar e de casal auxilia a família na procura de novas alternativas e soluções, evidenciando a competência da mesma na resolução dos seus problemas e apoiando-a no seu percurso e desenvolvimento. porque uma família nunca deixa de o ser e é nela que encontramos o maior e melhor amor de sempre e para sempre.
Bom Dia Internacional da Família, em Família.
Manuela Silveira
Peças de Família
Para marcação de consultas de terapia familiar e de casal, por favor, contacte-nos através de mensagem pelo facebook ou pelo e-mail pecas.familia@sapo.pt.
Quando falo de Parentalidade Positiva há 5 palavras que estão sempre presentes no meu discurso e que, de certa forma, resumem esta filosofia educacional. E elas são:
Respeito
O respeito mútuo é a base de uma relação entre Pais e Filhos saudável e gratificante para ambas as partes, sendo por aqui que devemos começar quando pretendemos colocar em prática uma Educação Positiva.
No exercício de uma Parentalidade Positiva aceitamos a criança tal como ela é, não tendo como intenção mudá-la, mas sim ajudá-la a ser a melhor versão de si mesma. Na Parentalidade Positiva olhamos para os nossos filhos como seres não inferiores a nós, levando a que os tratemos tal e qual como gostaríamos de ser tratados. Nem mais, nem menos.
Relação
A qualidade da relação que estabelecemos com os nossos filhos é diretamente proporcional ao investimento que estamos dispostos a fazer na ligação mais importante que estabeleceremos com alguém ao longo de toda a nossa vida.
Uma relação empática, gratificante e respeitosa requer tempo, disponibilidade e muita, muita vontade de fazermos mais e melhor. Mas é também essa relação que nos traz a segurança, confiança e tranquilidade para sermos o tipo de pai e mãe que sempre desejámos ser.
Cooperação
É o que queremos dos nossos filhos. Que eles cooperem connosco e não apenas que obedeçam. Qual a diferença? Toda. Quando promovemos a simples obediência das nossas crianças elas até podem fazer o que queremos, mas pelas razões erradas. Elas obedecem (quando obedecem…) basicamente motivadas pelo medo das consequências negativas para si (palmada, castigo, ameaça, punição, etc..). Já quando cooperam, elas fazem-no porque lhes faz sentido, porque sentem que fazem parte do processo, porque escolhem assim o fazer.
E como conseguimos cooperação por parte dos nossos filhos? Respeitando-os e estabelecendo uma relação positiva com eles. Nenhuma criança ou adulto coopera com outro se não se sentir, de alguma forma, ligada a ele.
Regras
Crianças que vivem sem regras são crianças inseguras, ansiosas e sem tolerância à frustração. Numa família onde não existem regras tudo pode acontecer!!! E isso é muito assustador.
Regras e limites claramente definidos e estabelecidos de forma coerente e consistente são fundamentais na estruturação e organização psicológica e emocional dos nossos filhos. E da nossa também.
Atenção
Os estudos constatam que se os nossos filhos não receberem atenção positiva quando se portam bem, vão fazer os possíveis para atrair a nossa atenção negativa, portando-se mal. E este é o princípio básico na origem de muitos problemas de comportamento.
O segredo? Inundarmos as nossas crianças de atenção positiva (na forma de afeto, no tempo de qualidade que passamos com elas, elogiando-as), diminuindo ao máximo a sua exposição à nossa atenção negativa (com ralhetes, críticas, gritos, castigos, ameaças e palmadas), fortalecendo-se, assim, a relação.
Manuela Silveira
Peças de Família
Se ao provérbio “No meio é que está a virtude” podemos atribuir muita verdade e aplicação em diferentes contextos das nossas vidas, quando falamos de Parentalidade, mais concretamente de estilos parentais, este dito popular não é excepção.
Desde o primeiro dia (e até antes) em que nos tornamos pais e mães, que queremos ser os melhores Pais do Mundo, estando desde logo perante o desafio de encontrarmos o equilíbrio, e vivermos com ele de forma confortável, entre o que idealizamos que é um pai ou mãe perfeitos (sabendo de ante mão que a perfeição não existe, claro está) e o pai ou mãe que realmente somos.
Importa saber que, apesar de a nossa identidade parental ir-se construindo e moldando ao longo do crescimento e desenvolvimento dos nossos filhos, e do nosso enquanto pai ou mãe, a forma como exercemos a Parentalidade é, em larga medida, influenciada pela forma como fomos educados pelos nossos Pais.
E no que é que isto se traduz? Bom, os estudos dizem-nos que das duas uma: ou repetimos o que aprendemos com os nossos Pais, sem grandes questionamentos ou modificações de maior, ou fazemos precisamente o contrário, e aquilo que achamos que faltou na nossa educação, pecamos por excesso e damos em dobro aos nossos filhos.
Assumindo que na parentalidade (e na vida em geral) nada é assim linear, e que múltiplos outros factores têm que ser tidos em conta na construção do nosso estilo parental, como as características de personalidade, experiências, vivências, modelos, etc., falemos então de dois tipos de educação, completamente antagónicos – a educação autoritária e a educação permissiva.
Numa educação predominantemente autoritária, os Pais dão muitas ordens e impõem muitas regras, que não são explicadas nem negociadas com os filhos, não se respeitando, assim, as necessidades e opiniões das crianças. Pais autoritários não investem na comunicação e na expressão dos afectos, estando pouco disponíveis para os seus filhos, recorrendo frequentemente ao uso das palmadas, das ameaças, dos castigos, dos gritos e do medo, como forma de controlar a criança.
Do outro lado, temos os Pais permissivos. Estes são Pais que exibem altos níveis de comunicação, que estão disponíveis para os seus filhos, muito afectuosos, mas que apresentam muitas dificuldades na colocação de regras e limites.
Dizer um não firme e consistente é difícil para estes Pais, que não fazem exigência de comportamentos maduros por parte da criança, nem são muito bons na supervisão do cumprimento das normas. Muito centrados na criança, os Pais Permissivos tendem a adaptar-se aos seus filhos procurando identificar e satisfazer as suas necessidades e exigências.
E depois temos o meio-termo, o tal meio virtuoso – a parentalidade positiva
Aqui os Pais aceitam a criança tal como ela é, respeitando-a na sua individualidade, proporcionando-lhe amor e carinho, incentivando o diálogo e uma comunicação clara, aberta, bireccional, ao mesmo tempo que estabelecem regras e limites, pelos quais a criança se possa orientar. Na educação positiva as regras estabelecidas na família são negociadas (quando assim o puderem ser) e explicadas à criança, promovendo-se assim, a cooperação em detrimento da simples obediência.
Educar os nossos filhos, sem ser de uma forma punitiva, com ameaças, castigos, humilhações e violência, nem de uma forma permissiva, sem regras e limites, não é tarefa fácil. Mais uma vez, o equilíbrio não surge assim do nada. Há que tentar, errar e voltar atentar. O segredo? Não sei. Mas se tivesse que deixar aqui uma sugestão, seria a de que tratem os vossos filhos como gostariam de ser tratados. Respeitem-nos, amem-nos e o resto…., bom o resto vem…
Manuela Silveira
Peças de Família
Já aqui falei sobre a importância do afeto nas nossas vidas, em especial na das nossas crianças. Hoje quero falar-vos da forma mais eficaz, mais potente e mais simples de transmitirmos afeto aos que mais amamos, em especial aos nossos filhos. Hoje quero falar-vos sobre o ABRAÇO.
E a maneira mais fácil de o fazer é partilhar convosco a melhor teoria sobre este gesto com que já tive oportunidade de contactar. Ela é da autoria de uma reconhecida terapeuta familiar norte americana, Dra. Virginia Satir, que nos diz o seguinte:
”Precisamos de quatro abraços por dia para sobreviver, oito para manutenção do bem-estar e 12 para crescer.”
Calculando que esta quantificação vos possa parecer exagerada à primeira vista, relembro-vos que vários estudos nos mostram que todas as crianças necessitam de manifestações físicas de afeto, para um desenvolvimento equilibrado e positivo, na mesma ordem de que necessitam de ver satisfeitas outras necessidades básicas (como comer, beber, dormir, etc.).
Então porque é o abraço assim tão importante?
Porque um bom abraço implica muito mais do que os braços. Um abraço pressupõe o toque entre mais partes do corpo, comparando com outras manifestações físicas de afeto como o beijo ou uma carícia, proporcionando uma maior sensação de conforto e bem estar.
Um abraço contem o outro, promovendo sentimentos de segurança e proximidade.
Um abraço envolve, liga, conecta, facilitando a vinculação.
Um abraço vale mais do que mil palavras, pois transmite à criança que ela é gostada, que é amada, melhor do que qualquer expressão verbal.
Vamos então garantir o número mínimo de abraços diários aos nossos filhos, para que eles possam “sobreviver”. Vamos dar-lhes, pelo menos, 4 abraços diariamente: quando lhes damos os bons dias, quando nos despedimos ao deixá-los na escola, quando os vamos buscar à escola e, por último, um bem, bem apertadinho, quando lhes damos as boas noites.
Bons abraços!
Atenção: Abraço que é abraço tem que ter a duração mínima de 6 segundos, senão não conta.
Manuela Silveira
Peças de Família